Aforismo um: Ninguém é absolutamente honesto, mas há muitos absolutamente desonestos.
Vamos avaliar o que foi dito. Os honestos relativos, do nosso convívio diário, nos quais me incluo, somos os humanos comuns. Desonestidade não é apenas roubar o dinheiro alheio. Não. Há desonestidade intelectual, quando falamos sobre o que não conhecemos. Há desonestidade moral, quando cobramos dos outros o rigor de comportamento que não temos. Há desonestidade política, quando apontamos defeitos nos outros e aceitamos os defeitos dos que admiramos. Essa é a desonestidade que não macula o convívio. E dá pra ir tocando a vida.
Os absolutamente desonestos são o mal irreparável. São os que sacrificam os outros sob o convencimento de que os defendem. De que os salvam. E os massacram. Esses são os absolutamente desonestos.
Aforismo dois: Os gritos de quem discordo ferem meus ouvidos.
E ao ouvi-los contesto, e ao contestar, também grito, achando que meus gritos são suaves. E nem percebo que firo os ouvidos dos outros. Aí, ao derramar-me o chope descubro que meu grito também é irritante.
Quando Cristo respondeu que desse a Cézar o que era de Cézar e a Deus o que era de Deus, convalidou o roubo romano dos tributos cobrados ao povo judeu. E o povo escolheu quem na hora do julgamento do filho da honestidade? Escolheu Barrabás. Que assaltava os comboios romanos, levando o dinheiro roubado do povo.
Jesus era absolutamente honesto. Barrabás era um desonesto relativo. E Roma a desonestidade absoluta.
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