Qual a relação? Me veio à memória os tempos idos da Casa do Estudante. Lá cheguei vindo do Colégio Diocesano Seridoense, de Caicó. Caicó me abriu uma janela pro mundo, pelo CDS; a Casa do Estudante me ofereceu o portal de ingresso ao mundo.
Por um trem? Não. Por viagens? Também não. O educandário da pátria Caicó, mulato velho, me ofereceu dúvidas. A Casa do Estudante me presenteou a maravilhosa descoberta de caminhar, mesmo na miséria, um caminho de fartura. De luxo? Nunca. De vantagens? Menos ainda. A riqueza de desvendar nos livros a miséria humana. A desgraçada e bela aventura de viver aprendendo. E quem aprende caba ensinando.
Dito isso, volto ao título do texto. O que tem a ver Ciro Gomes, Karl Marx e Ferdinand Lassale? Ciro Gomes é um homem de ideias. Verdade. Explica o Brasil como poucos, conhece o Brasil como raros, claríssimo. Mas fica aí.
Volto a Marx e Lassale. Foram contemporâneos e aliados, na luta de 1848, rompidos anos depois, em 1864. Marx, ferino, não negava méritos a Lassale. Muito menos às suas ideias. No confronto após o rompimento, Marx triturou Lassale com a máxima: "Lassale é um caos de ideias claras".
Pronto. Taí a relação. Ciro Gomes é o Lassale do Brasil de hoje. Um caos de ideias claras. No meio de comportamento confuso e argumentos escuros. Um caos de clareza no meio da escuridão. Que opta por deixar a escuridão prevalecer, mesmo dizendo que precisa acender a luz.
Ciro Gomes confirma o oximoro metafórico de Marx sobre Lassale. E o país, no meio do abismo, perde a sua colaboração na defesa da liberdade e da Democracia. É uma tristeza de egoísmo, cujas ideias são claramente jogadas no esgoto escuro. Caos de claridade, harmonia de escuridão. Ponto e vírgula.
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