Ele não tinha onde morar,/ nem na rua./ Pois não era de lá./
Do mato que era, só galhos,/ folhas e sombras que sobravam./
Assim era Lourenço, o inventor da lua./
Nunca esteve numa rua./ Nem viu uma mulher nua./ Lourenço não sabia rimar./
Mas inventou a lua.
Sem teto algum, lugar qualquer, Lourenço quer um lugar pra lua./ Inventou que é,/
sua invenção não pode morar na rua./
Dividiu a casa da invenção/ em quartos que sua mente pôs espaço,/
para cada situação./
Diferente dele,/ sem teto e locação,/ sua lua teria quartos/
pra sua acomodação./
Nascia frágil, Crescente,/ ia se enchendo até ser plena./ Cheia, plenilúnio./
Depois, secando, minguando/ como tudo que clareia./
Novilúnio no breu da noite/ onde só tilintam os astros ao longe,/ como disse o poeta,/
"posso lhe escrever os versos mais tristes esta noite"./
Porém, entretanto, mas porém, Limeira, gêmeo de Lourenço, ponteia na viola/
a boa nova, Você acaba de inventar a Lua.
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