E eu deixando mais uma fora das minhas crenças. Qual? O anarquismo, a graciosa ideologia de Bakunin e de Proudhon. Era o anarquismo uma espécie de segundo time, onde desaguavam todas as tendências progressistas. Assim o era o América do Rio para vascaínos, flamenguistas, fluminenses e botafoguenses. Nos tempos em que havia futebol no Rio de Janeiro.
Mas o assunto é outro. Escrevi certa vez que o poder é o abatedouro das ideologias. Nenhuma resiste à prática de sua aplicação. Até o capitalismo se vira nos trinta pra sobreviver, e olhe que o capitalismo não é uma ideologia do ponto de vista filosófico. É uma relação social de sobrevivência entre poderosos e dominados, exploradores e explorados, tudo no invólucro onde cabem ganância, caridade, negociação, esmola, pressão. Por isso e só por isso sobrevive.
Pois bem. O anarquismo acaba de entrar no abatedouro. Onde? No Brasil. Vivemos ou não vivemos num país sem governo? E onde não há governo, qual a ideologia praticada? O anarquismo. Anarquismo administrativo, anarquismo na saúde pública, anarquismo diplomático, anarquismo social, anarquismo na segurança pública e privada, anarquismo político, anarquismo econômico. Uma caricatura "governamental" chefiada por um biltre, acolitado por néscios, numa súcia caricata da sua própria fisionomia deformada.
Pobre Bakunin, revira-se na cova e se assombra com a morte da sua outrora graciosa ideologia.
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