"Nenhuma acusação de corrupção neste governo". Repetia o presidente Bolsonaro todo dia, no chiqueirinho onde ele recebe aplausos e bajulação de representantes fiéis do seu gado. Repetia. Agora, desconversa.
Porém, nunca teve coragem de repetir sobre si mesmo esse mantra mentiroso. Ciro Gomes, que foi seu colega na Câmara dos Deputados, diz, rediz e repete todo dia: "Bolsonaro é uma ladrão pé de chinelo. Roubava dinheiro dos seus servidores fantasmas. Só aí há duas ladroagens, uma contra o erário e outra contra o "servidor". Repete e desafia: "Me processe por calúnia, Bolsonaro. Processa não, porque sabe que eu tenho provas do que digo". Pois é. nenhum processo. Silêncio de resposta.
A divulgação desses áudios confirmando isso não é surpresa pra Ciro Gomes nem para os contemporâneos de Bolsonaro na Câmara. Essa a ladroagem curricular do "mito".
Agora, o mantra de não haver corrupção no governo derrama-se num esgoto de lama e sangue. As corrupções, todas, possuem uma semelhança. Todas elas retiram dinheiro dos serviços públicos. Que vai fazer falta em hospitais, escolas, estradas, segurança. Toda corrupção é predadora da dignidade humana.
"Porém, entretanto, mas porém", como dizia Zé Limeira, a corrupção do governo Bolsonaro tem uma pitada macabra no tempero do escândalo. Não é apenas a consequência difusa, a faltar recursos em hospitais. Não. É consequência direta e imediata na causa de mortes em níveis genocidas. Essa é uma inovação digna de uma ficção vampiresca ou de terror moderno. Tão cruel que parece uma mentira de ficcionista pervertido.
Pra completar o quadro da bufante ópera, os "comandantes" das forças armadas sentem-se agredidos com as acusações de corrupção de militares, no Ministério da Saúde. E põem a carapuça, em vez de punir a delinquência de fardados, acusados por outros fardados. No ministério, dito de saúde, escasso de médicos e empanzinado de militares lobistas, uns da ativa e outros de pijama. Mais uma ameaça bocó, que tá virando rotina do ridículo.
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