...e a hipocrisia que o sustenta.
Pouquíssimos substantivos conseguem ser preservados na essência do seu significado após o acréscimo do sufixo "ismo". Pouquíssimos.
O moralismo é uma deformação do substantivo feminino "moral". Não confundir com o adjetivo nem com o substantivo masculino, que significa ânimo. Nem sempre a alteração é depreciativa ou desgastante. Neste caso específico é uma deformação. O portador da condição, o moralista, é um deformado moral.
O moralista se exibe como dotado de pureza absoluta. Não transige com os defeitos naturais da condição humana. Mesmo que, por estudos psicanalíticos, já esteja comprovado que o moralista carrega no escondido do seu íntimo os mesmos ou piores "defeitos" que ele aponta nos alvos da sua ira. Uma nuvem o segue e o tortura. O moralista é furioso e sofredor.
Serve o exemplo do deputado Artur do Val, do MBL, que não é fato isolado. É a representação individual de uma condição coletiva. Esse rapaz era honesto absoluto, dotado de pureza absoluta, intransigente nos costumes e na "moral" política. Até que sua nuvenzinha, cinzenta e escondida, despencou de ladeira abaixo. O perigo não está no sufixo, mas na hipocrisia de fanáticos e intolerantes. Aliás, fanatismo e moralismo são casados e moram juntos.
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