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Ode ao dia

  • Foto do escritor: François
    François
  • 1 de set. de 2021
  • 1 min de leitura

As décadas são das crianças/ os anos, dos adultos./

Os meses são dos devedores./ Isso mesmo, somos todos devedores./

Não há credores na vida./ Até os ricos, que nada devem aos seus, devem à vida./ E ela cobra./ E a promissória é a quitação da morte./


As semanas são invenções,/ com os atropelos das Segundas/ e as ilusões dos Sábados./ Nada mais que isso./


Sobram os dias./ E quem viveu tão ilusoriamente pouco/ chegando aos Setenta/ só se aboleta na tenda dos dias./ Não mais pra viajar/ ou adiar sonhos,/ apenas e a valer a pena, esperar o nascer de cada sol./


O dia não é só do sol./ É dele e da lua na noite./ Os dois completam o dia./ Ele nasce cedo, frio, e apressadamente esquenta./ Sem sequer esquentar a esperança da demora./ A lua, matreira, tem fases./ Some, novilúnia, após minguar,/ depois cresce, suave,/ e se enche de luminosidade falsa,/ como sói ser falsa toda luminosidade./ Plenilúnio da ilusão./


Sobra a tarde./ O último e único momento honesto do Dia./ O sol descambando no poente,/ o chumbo das nuvens no nascente,/ e a semelhança do ocaso/ com a dívida da vida. Viva o dia!/ O único tempo do calendário/ que dispensa medição do tempo.







 
 
 

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