Não sou ouvinte musical de Lobão. Aliás, em matéria de audição não tenho ouvido nem os compositores do meu agrado. No carro, na estrada, prefiro o silêncio. E em casa também. Sem paciência para o ruído. Mesmo de belas canções.
Lobão nunca compôs belas canções, para meu gosto. Mas acompanhei sua trajetória de infância complicada e mãe dominadora. Seu rompimento com a timidez aguda não deixou que virasse crônica. E saiu do casulo para o confronto.
Rompeu com admirações antigas. Brigou com ídolos estratificados, intocáveis. E não poupou ninguém, nem estabeleceu limites nesse rompimento.
Foi voz isolada inicialmente, depois apareceram outros. Tudo muito tímido. Menos ele, que trocou a timidez pelo escracho. E escrachou abertamente.
Agora, após a vitória da escuridão, Lobão acende uma chama. E chama a atenção para o obscurantismo estabelecido. Com a isenção e a insuspeita de ter apoiado o poder agora estabelecido. Não é petista, não é de esquerda. Exatamente por isso sua fala vai causar estrago no miolo dos fascismo. Ouçam Lobão.
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