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Pangaré de Tróia

Ou lebre no pote, em vez de peba. Foi uma trama governista com roteiro de ópera bufa, com muita bufa e pouca ópera.


Confesso que me enganei no início. Era uma denúncia de corrupção envolvendo um intermediário de negócios de vacinas, um servidor público do Ministério da Saúde e alguns militares lotados naquele Ministério. Denúncia de pedido de propina, numa soma de cordilheira.


Quando que descobri a farsa? Ao ver um jornal da CNN, a âncora do programa pergunta a Alexandre Garcia sobre o episódio. Esperei que ele desmerecesse a denúncia, como sempre faz sobre tudo que afeta a "honestidade" do governo. Aí, a surpresa. Alexandre Garcia então comenta: "É muito grave, gravíssimo, agora a CPI tem algo concreto". Êpa! Acendeu a luz vermelha. Alexandre Garcia não é jornalista. É negociador de opinião, com informação vendida ao governo. Aquela observação não era um ponto, era uma montanha fora da curva. Ele participara da montagem burlesca.


Não deu outra. Tudo montado para desviar a atenção do que realmente os assusta, a corrupção da Covaxim. Negócio bilionário não consumado por denúncia de um deputado escroque, ex-aliado, insatisfeito, e seu irmão servidor do Ministério da Saúde.


Esse era o motivo da nova denúncia inventada. Seria a palavra do denunciante contra a do servidor, sem prova oral, que seria depois descartada, por falta de provas, e o servidor recompensado. Tudo urdido e ardido. Mas, os troianos descobriram o pangaré. O cavalo manco, tosco, inútil.


Os governistas da CPI, inclusive o filho do presidente, defendendo o denunciante que acusava o governo. Só não é estranho porque nada nesse governo é normal. Descoberta a trama, voltam as coisas ao seu lugar. Agora, a ex-mulher de Pazuello se oferece pra depor. Será uma égua de Tróia?

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