Foi o que pensei ao imaginar este verso fotográfico, ajustando a câmara, para registrar a fisionomia deste tempo de trevas. Aí descobri que não é hora de poesia.
Não é. Mesmo a aroeira parindo brotos de futuras flores, informando que suas raízes começam a sugar a seiva doce do massapê, mesmo a moita do mofumbo soltando as primeiras flores que só cheiram ao nascer, mesmo o riacho descendo em busca de uma foz raquítica, mesmo as águas do baixio no aluvião convidando ao plantio do milho e do feijão, mesmo o canto da mãe-da-lua informando que a madrugada não tem destino, mesmo o correr do calango fugindo da baladeira do moleque ainda existente, mesmo a jitirana enfeitando a subida das grotas, mesmo a espingarda de pederneira pendurada inútil num armador do alpendre, mesmo o sonho de uma mãe que esperou do filho retirante uma carta ou um mimo, mesmo a desmama de um bezerro preso à pata traseira da vaca para oferecer leite à mama do filho do tirador do seu leite, mesmo o som do trovão informando o desgosto de Tupã.
Não dá pra fazer poesia. Não dá. É hora de arregaçar mangas, não de colhê-las. O momento é de luta e luta feroz. Dizer abertamente que vamos vencer e quem não aceitar a derrota que se prepare pra luta. Se perdermos, aceitaremos. Se vencermos, venceremos sem medo de arreganhos ou ameaças.
O Brasil impõe o desafio: É vencer ou vencer!
É bem doloroso considerar a possibilidade do "não vencer"; não eu, mas o país. Nestes "ásperos tempos" sempre considerei um exílio não espontâneo no Chile; trocar, involuntariamente, o Atlântico pelo Pacífico, já que não conseguiria viver fora do alcance do mar.
Valparaiso e Viña del mar quase não têm terremotos.