Na madrugada do dia 16 de Novembro de 1889, Deodoro da Fonseca aceitou a argumentação dos republicanos e assinou do Decreto de Proclamação da República, assumindo o poder na condição de Ditador.
Não foi no dia 15. Por que então se comemora o dia 15? Porque foi no dia 15 a marcha para o Campo de Santana, com toda a pompa da manifestação cívico militar, cuja movimentação é registrada em fotos e fanfarras.
A verdade é mais opaca. Bem menos brilhosa. Deodoro era amigo do Imperador e defensor do Império. Queria apenas a destituição do Gabinete do Visconde de Ouro Preto, chefe do Governo Imperial. Até a madrugada do dia 16, ele estava decidido a proteger e manter o Imperador. Irredutível.
Foi então que um dos republicanos, talvez Benjamim Constant, teve a ideia luminosa. Criaram uma edição falsa do um jornal existente no Rio, que noticiava o seguinte: O Imperador decidira destituir o Gabinete de Ouro Preto. O que Deodoro queria. Mas a notícia seguinte alterou a decisão do velho Marechal. O jornal informava que D. Pedro nomeara para a presidência do Conselho de Ministros o ex-presidente da Província do Rio Grande, magistrado e senador, Gaspar da Silveira Martins. Foi a gota d'água que entornou o Império. E convenceu Deodoro.
Silveira Martins, que dá nome à rua do oitão direito do Palácio do catete, tomara uma namorada de Deodoro, quando este servira em Porto Alegre. O então oficial alagoano, sediado no Rio Grande, apaixonara-se por uma jovem gaúcha. Namoraram algum tempo. Até que ela apaixonou-se por Silveira Martins e abandonou Deodoro. Ficou a intriga figadal.
Ao saber dessa nomeação, o Marechal assinou o decreto de proclamação. Foi assim. Fato semelhante ocorreu muitas décadas depois, quando Carlos Lacerda fez uma edição falsa de um jornal existente para convencer Gregório Fortunado a confessar o atentado da Rua Tonelero. O jornal dizia que Lutero Vargas havia confessado e fugido.
Pois bem. Duas constatações. A História se repete, com a farsa no lugar da tragédia e a República nasceu sob o signo do Chifre. É por isso que o povo é sempre o último a saber das coisas.
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