top of page
  • Foto do escritorFrançois

Somos a humanidade?

Atualizado: 7 de abr. de 2020


Essa é uma questão que levantei há tempos. Se nós somos mesmo a humanidade, decorrente da evolução dos nossos ancestrais primatas. Que viemos daí não há dúvida, pois qualquer outra tese levará à explicação criativa pelo sopapo. Faça-se isso e isso está feito. De tão infantil, não trato disso.

Nos últimos cinquenta anos nós evoluímos em tecnologia mais do que nos últimos quinhentos anos. E num compasso dialético nós regredimos em convívio com a Natureza, maltratando-a, nos últimos cinquenta anos mais do que nos últimos cinco séculos. Essa conta a Natureza cobra.

Quando Edward Jenner , no Século Dezoito, observou na ordenha das vacas, que as mulheres acometidas das mesmas feridas que matavam pessoa na cidade, ao contato com a varíola bovina, imunizavam-se da peste urbana, descobriu a vacina, de vacum, vaca.

Era original a descoberta de Jenner? Para o Ocidente, sim. Porém, os chineses há dois séculos antes já haviam descoberto a vacina. Contra a mesma doença. O que faziam? Trituravam a casca da ferida seca de um doente e sopravam, num canudo, o pó dessa trituração no nariz de um sadio.

Ele estava imunizado.

Mas essa não é a discussão a que me proponho. Repito a pergunta: Somos a humanidade? Cumprimos o papel evolutivo que sacrificou a existência dos nossos ancestrais? Posto que desapareceram para dar lugar a nós. Não somos descendentes dos macacos existentes, descendemos de parentes deles que deixaram de existir para que ocupássemos seus lugares na Terra.

Para a evolução dawrniniana, tudo aconteceu num processo natural de adaptação, superação e sobrevivência. Para o conhecimento deísta não fanático, da escola do Pe. Teilhard de Chardin, no seu fantástico Fenômeno Humano, foi assim que aconteceu, evolutivamente, sob a arbitragem de Deus.

A pergunta é: Somos a humanidade? Qualquer delas. A dos deuses gregos, moradores do Olimpo?; dos deuses caldaicos, quando a deusa Istar, do amor, ameaçou Anur, deus do tempo, de suspender por um segundo a sinfonia do erotismo universal?. De Tupã, nosso pobre deus dos Tupis?. A humanidade dos loucos, dos sábios, dos santos, dos gananciosos?

Não. Não somos ainda a humanidade. E nem sabemos se daremos a ela a chance de existir. Nós, pré-humanos, estamos de marcha batida para evitar o nascimento da humanidade que anseia por nascer. Infectamos diariamente o nosso útero. Diferentemente do que fizeram nossos ancestrais, sacrificados para que nascêssemos.

39 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Esconderijo de silêncios (V)

A chegada de novo pároco em Januária atiçou a curiosidade noturna dos habitantes. O que houvera de fato? O sacristão segurava-se na promessa feita ao padre Salomão. O novo padre, jovem, foi alvo de as

Não foi hoje, e sim amanhã

O golpe militar, com apoio ostensivo da imprensa e setores reacionários de civis, inclusive partidos políticos, não se consolidou hoje, 31 de Março, mas amanhã, Primeiro de Abril. Hoje não é o dia de

Esconderijo de silêncios (IV)

Januária adormeceu tranquila, naquela Sexta-Feira da Paixão. Não se pode dizer que tenha amanhecido na mesma tranquilidade no Sábado de Aleluia. O primeiro susto foi o "silêncio" do sino principal, as

bottom of page