...o neto sem avô.
Quando Auro Soares de Moura Andrade, que fora preterido por Jango para ser primeiro Ministro no parlamentarismo, aproveitou a movimentação militar que acabou derrubando o governo legítimo, estando na presidência do Congresso, gritou no microfone da Mesa: "Declaro vaga a Presidência da República", recebeu do deputado paulista Roger Ferreira uma cusparada na cara. E da sua cadeira levantou-se o deputado Tancredo Neves, gritando: "Canalha! Canalha"!
Pois é. Tancredo avô de Aécio. O que restou dessa genética? Restou o preparo de leitura? Não. Restou a maneirice mineira? Não. Restou a dignidade moral? Não. Restou a coragem cívica? Não.
Aécio Neves desavosou-se. Não é neto do seu avô. Fosse, teria aproveitado a oportunidade do momento. Qual? Ele questionou o resultado das eleições, quando perdeu pra Dilma. Foi um questionamento legítimo? Foi. Direito dele. Após as apurações constatou-se a lisura do resultado. E ele aceitou, acatando o resultado das urnas.
O que ele deveria fazer agora, se neto de Tancredo fosse? Declarar publicamente que após o seu questionamento o resultado eleitoral estava correto. E fazer a defesa da Democracia, da Justiça eleitoral e das urnas eletrônicas.
Mas não o faz. É um neto sem avô político. Sem avô histórico. E deixa Tancredo, que tanto o amava, na condição de avô desnetado.
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